
Era o ano 1969 estava no 1º ano do primário (era assim que chamávamos o Ensino Fundamental) foi quando eu vi uma caneta preta que tinha um lindo visor para ver a quantidade de tinta, para mim na época parecia uma televisão de tão linda que era, perguntei para minha amiguinha o que era aquilo? E ela com a simplicidade das crianças me responde: Uma caneta! Ela deve ter me achado um caipira ! Onde já se viu não saber o que era uma caneta!
Mas eu conhecia canetas, a escola estava infestada de canetas do tipo BIC, uma esferográfica branca chamada Carioca e lógico lápis, muitos lápis. Tomei coragem e fui perguntar para a Dona Neiva a nossa professora por que eu não podia usar aquela verdadeira nave espacial em forma de caneta, ela com o seu jeito sisudo e pedagógico disse friamente: SUA LETRA É FEIA AINDA! Talvez no segundo ou terceiro ano.
Voltei para minha carteira bem decepcionado, mas não esqueci daquela maravilha, ela se chamava Compactor Estudante foi a companheira de muitos naquela época, menos de mim.

Demorei muito para ter minha primeira caneta Compactor mais precisamente em 1988 consegui a primeira, quase 19 anos do ocorrido, mas foi um encontro marcante ela estava me esperando numa feira de antiguidade e do jeito que eu ainda lembrava; para alguns colecionadores eles devem pensar que sou apenas um saudosista! Eles dirão que a caneta não é tudo isso, que não se compara com uma Parker, Sheaffers e outras marcas não estamos falando de marca, e sim de personalidade, uma Compactor é um dos modelos mais icônicos deste País impossível não ter ouvido falar dela. Ela tem tantos modelos que o grau de dificuldade de alguém ter todos, acredito que se compara a quantidade de Jotter que é uma linda esferográfica, a primeira caneta da Parker nessa categoria de escrita.
UM POUCO DA HISTÓRIA

NA FOTO O SR. ERICH BUSCHLE TRABALHANDO EM UM TORNO.
A caneta Compactor como é conhecida no Brasil nasceu na Alemanha em 1934, teve o nome inicial Meteor e em 1936 recebeu o nome “Compaktor” a família dos fabricantes composta dos filhos Paul e Erich Buschle seu pai também chamado Paul era um relojeiro. Foi quando os irmãos e a Gretel que era casada com Paul decidem após vários sofrimentos na Alemanha do pós guerra se mudar para o Brasil convencidos pelo empresário Reynaldo Bluhm que procurava mercadorias para aqui negociar e a caneta Compaktor era uma oportunidade.
Em 1954 é registrada a Cia de canetas compactor que se instalou inicialmente em Nova Iguaçu, em 1955 as primeiras canetas são montadas com tudo ainda sendo trazido da fabrica da Alemanha, demorou um pouco para a fabrica realmente se nacionalizar, por isso muitas vezes encontramos penas corpo e clips com a grafia com K (Compaktor) e em outras com C a nossa Compactor.
OS PRIMEIROS MODELOS

Foto: acervo pessoal
Primeiras canetas que chegaram no Brasil eram fabricadas na Alemanha e montadas aqui do mesmo jeito que os Volkswagen o modelo acima é um exemplo provavelmente 1956.
Algumas apresentavam uma certa transparência para mostrar o mecanismo de enchimento, que era um orgulho para fabrica.

Foto: acervo pessoal.
PEGANDO O JEITO DAQUI !
As primeiras canetas eram muito improviso devido à falta de recursos e matérias para a elaboração de bons instrumentos de escrita que sempre foi uma tradição da Marca Compactor dificultavam sua atuação.

O modelo na cor cinza atualmente é muito raro de ser encontrado, como ele foi muito usado por estudantes por ser uma caneta acessível e nacional, os pais compravam muito para o uso em escola e onde a companhia percebeu um nicho para explorar. Por esse motivo esse modelo é muito procurado por colecionadores. Na foto abaixo é fácil de perceber outro diferencial da época, o “Blind” a tampa superior que fecha o lugar que aperta para encher a caneta geralmente é transparente um tem um acabamento de cor diferente da caneta, foi apelidado aqui de “Olho de Tigre”.

Foto: acervo pessoal.
A famosa caneta Universitária do inicio da década de 1960

Foto: acervo pessoal
A caneta Universitária teve só o nome de Universitária, por que ela caiu no gosto popular especialmente dos jovens do colegial pela imagem futurística que ela apresentava.
INÍCIO DA NACIONALIZAÇÃO 1956

Modelo hoje conhecido como transição era o inicio da produção para estudantes tem algumas semelhanças com o modelo estudante da década de 1960.

O Modelo Belair

Geralmente acompanhava uma lapiseira e esferográfica no inicio da década de 1960, tinha a tampa fosca em dourado ou o modelo de aço escovado com pena em aço, e o modelo Luxo com a tampa folheada a ouro e pena em ouro, a tampa e o clip determina o acabamento da pena geralmente em ouro ou bicolor com ouro e aço.

A enorme variedade de modelos chama a atenção pelo seu funcionamento de usou quase todos seus anos de fabricação a mesma bomba de enchimento que costuma dar certo trabalho para a conservação, mas mesmo assim eu recomendo você ter um espaço em sua coleção para as queridas Compactor.
Peço desculpas, mas o assunto não se encerra aqui existem muitos modelos que não mencionei por que eles são posteriores a este período que abordei de sua chegada oficial em 1955 e 1960 quando caiu no gosto popular, tenho muito mais de Compactor para contar.
Até breve…